Reflexões

Ontem eu passei o dia pensando sobre a real possibilidade de ir morar de vez no Canadá. Acho que foi a carta do consulado dando um prazo tão curto que me fez parar para refletir...

Será que essa é a melhor opção? Por mais que eu critique o Brasil, tudo que me incomoda faz mais parte do macro senso do que do micro, ou seja, tudo me afeta de acordo com o meu grau de irritabilidade do dia. O meu micro senso, ou a condição que eu me encontro hoje com relação ao trabalho, moradia e vida social está muito bom.

Algumas vezes penso se o meu medo é trocar o certo pelo incerto e talvez seja. medo de trocar um emprego bom, conseguido com sacrifícios, network e tempo por um que aparecer e der para pagar as contas; medo de não dar certo e ter que voltar e recomeçar a construir tudo de novo; medo de trocar amizades construídas ao longo dos anos por novos conhecidos e com diferenças culturais. Medo de trocar o meu apt novinho e lindo por um antigo, com um banheiro só e com móveis adaptados.

Outras vezes penso na minha família, a falta que irei sentir de todos os momentos que passamos juntos desde um simples almoço em casa até um socorro quando alguém está doente. Penso na falta que farão na criação dos meus filhos... Algumas vezes me acho egoísta por decidir ir embora, sabendo que os deixarei aqui sofrendo pela escolha que eu fiz.

Penso também nas minhas amigas, nos nossos almoços, nas nossas longas conversas... Sei que a distância não acabará com a amizade, mas perderei a rotina e a convivência.

Por outro lado também sei da tranqüilidade de se ter o que chamo de macro senso muito bom. Sei o que é sair na rua a hora que for sem ter que se preocupar com a segurança. Poder ter um carro confortável sem ter que pensar em seqüestro ou assalto.

Quero poder dizer para os meus filhos que se eles estudarem eles chegarão a algum lugar... Quero que eles aprendam sobre o respeito e a honestidade não apenas em casa, mas vivenciando no dia a dia, seja ao atravessar uma rua, ou com a professora da escola.

Às vezes me pergunto como começou tudo isso e porque eu não posso simplesmente viver como a maioria das pessoas, ignorando as possibilidades. A resposta eu não sei, mas sei que jamais deixarei passar uma oportunidade de mudança sem avaliar todos os detalhes.

Hoje o meu “egoísmo” me manda ir e buscar uma vida melhor para mim e para a minha família.