segunda-feira, 1 de março de 2010

Vende-se Tudo

"No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento.
Uma outra mãe, ao meu lado, comentou:
- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.
- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.
Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa.
Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante. Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas.
Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu, mais sem alma. No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topouesperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros..
Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material. Nunca mais me apegueia nada que não tivesse valor afetivo. Deixei de lado o zelo excessivo porcoisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar.
Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importao tempo que estiveram presentes na minha vida...
Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile. Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio. Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já quenão tínhamos nem uma xícara em casa.
Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde... Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza...... só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir"
Martha Medeiros
Estamos vendendo todas as nossas coisas:

3 comentários:

Chocólatra disse...

Parabens pela organizaçao, amei o blog novo e espero que tenha comentário em todos os itens logo! Já mandei pra minha sogra e vou divulgar entre meus contatos no RJ. Estamos esperando vcs aqui pra comemorar MUITO!!!

D. e CM. disse...

Boa sorte nas vendas
Hoje foi a geladeira e o maquina de lavar que compraram, a casa esta literalmente vazia.
O que puderem adiantar de venda e ficar so o necessario otimo.
Eh um perrengue coisa de vender, mas eh por uma boa causa

Abracos

Danielle

Ma disse...

eu desejo muito boa sorte a vcs nas vendas!!!
abraços!!!